Dia: 13 de agosto de 2019

Calculose da vesícula biliar (Pedras na Vesícula)

A presença de pedras na vesícula é, junto com a doença do refluxo, a afecção mais frequente do trato gastrointestinal. A formação de pedras na vesícula é multifatorial, sofre influência predominante do quadro metabólico do paciente, assim como de fatores genéticos (familiares) e nutricionais. Estima-se que esteja presente em aproximadamente 20 a 30% da população mundial, de modo assintomático ou sintomático.

A literatura médica classicamente definiu 4 importantes fatores de risco para a doença calculosa da vesícula biliar, conhecidos como os 4Fs: Females (pacientes do sexo feminino); Fertile (pacientes multíparas ou que tiveram mais de 2 filhos); Forty (pacientes acima dos 40 anos) e Fat (pacientes obesas ou acima do peso). Os sintomas mais frequentes são dor abdominal, em geral continua e localizada na região superior direita do abdômen e que pode irradiar para o ombro direito, dor essa desencadeada em geral por alimentação gordurosa, náuseas e sensação de empachamento no andar superior.

As pedras na vesícula podem assumir diversos tamanhos, variando daquilo que chamamos microcalculos (menores do que 0,5cm) ate cálculos grandes que podem ultrapassar os 2cm. Em função do tamanho das pedras, podemos identificar uma serie de possíveis complicações da doença calculosa biliar. Microcalculos podem sair da vesícula e causar obstrução no canal da bile (conhecido como ducto colédoco) o que leva a icterícia (pele e olhos amarelados), infecção da bile (colangite) ou inflamação do pâncreas. Já os cálculos maiores (em geral maiores de 1 cm) costumam causar cólicas biliares (que leva a inflamação crônica) ou inflamação aguda da vesícula (colecistite aguda).As pedras na vesícula são tratadas com cirurgia, através da remoção cirúrgica da vesícula biliar junto com as pedras. Em geral são operados os casos sintomáticos, mas em algumas situações também indicamos a cirurgia para os casos assintomáticos (pelo risco elevado de complicações). A cirurgia é feita com técnicas minimamente invasivas em quase todos as situações, em geral por videolaparoscopia, o que possibilita uma rápida recuperação, praticamente indolor.

Para maiores esclarecimentos e informações não deixe de procurar um cirurgião do aparelho digestivo, informe-se, cuide-se e viva melhor.

Doença do Refluxo Gastroesofágico

A doença do refluxo gastroesofágico é uma das patologias do trato gastrointestinal mais frequentes na prática médica diária e também, dessa forma, uma das mais frequentes nos pacientes que me procuram no consultório semanalmente. Estima-se que, no Brasil, cerca de 12% da população apresente sintomas relativos a esta afecção.

O termo refluxo gastroesofágico é utilizado para descrever o retorno de conteúdo do estomago ao esôfago em qualquer momento do ciclo de funcionamento do sistema digestório. Episódios isolados de refluxo são normais ao longo do dia por outro lado, o quadro passa a ser patológico a partir do momento em que esses episódios passam a ter uma maior frequência e a trazer incomodo e sintomas aos pacientes.

Este tema vem tendo cada vez mais relevância pela descoberta da forte associação entre a doença do refluxo e o câncer de esôfago distal e da transição esôfago-gastrica. Esta neoplasia é uma das mais letais de todo o trato gastrintestinal, criando um cenário preocupante onde uma das patologias mais comuns do trato digestivo, se não oferecida a devida atenção, pode evoluir para um dos mais letais tumores que afetam a população geral.

Os principais sintomas da doença do refluxo são a pirose (sensação de queimação atrás do peito), a
regurgitação (sensação ou constatação objetiva de retorno de líquido azedo ou ate mesmo de alimentos à cavidade oral) e a disfagia (dificuldade para deglutir os alimentos). Esses sintomas são descritos, na
literatura médica, como sintomas típicos da doença do refluxo. Outros sintomas vem sendo cada vez relacionados à doença porem, são sintomas não diretamente relacionados ao trato digestivo e por isso
são descritos como sintomas atípicos (rouquidão, tosse crônica, asma, pigarro crônico, sensação crônica de bolo na garganta).

O diagnostico da doença pode ser bem direto e simples, nos casos de pacientes com sintomas típicos, porem pode, ao mesmo tempo, ser bastante desafiador, principalmente naqueles pacientes com sintomas atípicos. Em todos os casos, um exame inicial de grande importância é a endoscopia digestiva alta. O exame endoscópico permite ao médico ter acesso ao aspecto da mucosa esôfago-gástrica, identificando complicações da doença, possibilitando a realização de biopsias de áreas suspeitas e diagnosticando hérnias de hiato esofágico, condição frequentemente associada a doença do refluxo.

Existem uma serie de exames utilizados na abordagem diagnostica e programação terapêutica do paciente com esta patologia, principalmente nos casos em que o tratamento cirúrgico é indicado. O tratamento da doença do refluxo em geral envolve uma abordagem baseada em 2 tipos de medidas:

1. Medidas comportamentais: controle do peso, acompanhamento nutricional individualizado, prática de atividades esportivas, alterações de hábitos alimentares.
2. Medidas clínicas: medicamentos prescritos pelo médico com o objetivo de controlar e reduzir a acidez do conteúdo que reflui ao esôfago, além de melhorar a capacidade de funcionamento do esôfago distal (clearance esofágico)

A doença do refluxo pode necessitar de tratamento cirúrgico. O tratamento cirúrgico está bem definido na literatura medica atual, e deve sempre ser discutido com um cirurgião do aparelho digestivo, com sua indicação especialmente nos casos de sintomas refratários e complicações da doença como por exemplo as hérnias de hiato e o esôfago de Barrett. A cirurgia realizada tem como princípio a reconstrução anatômica da barreira anti-refluxo da transição esôfago-gastrica. Este procedimento vem sendo amplamente consolidado principalmente após o enorme desenvolvimento das técnicas cirúrgicas
minimamente invasivas, que possibilitam uma cirurgia extremamente segura, com uma recuperação muito tranquila e rápida, com o mínimo de cicatrizes.

Hérnias da Parede Abdominal

Hernia da parede abdominal é definida como sendo a presença de um orifício patológico localizado na parede abdominal, seja ela anterior ou posterior, através do qual há a protrusão ou insinuação do conteúdo presente na cavidade abdominal, seja ele alças intestinais ou gordura abdominal.

Trata-se de uma afecção de elevada frequência na população geral, com sua incidência apresentando forte relação com a idade, chegando a um percentual em torno de 70%
dos homens acima dos 70anos.

Como surgem as hérnias inguinais? Os primeiros relatos desta patologia datam de períodos antes de cristo e o seu aparecimento possui relação com a evolução humana. A partir do momento em que o homem assume a postura bípede, inicia-se uma mudança profunda na relação de forças entre os órgãos intra-abdominais e a parede abdominal. Na posição quadrupede, esta pressão das vísceras contra a parede abdominal é dissipada em toda a extensão do abdômen, ao passo que, ao assumir a posição bípede, passa a haver uma concentração de pressão na região inferior do abdômen, movida pela força da gravidade. Justamente na região inferior do abdômen, principalmente nos homens, há um ponto de fragilidade chamado orifício inguinal, por onde ocorre a descida dos testículos da cavidade abdominal em direção à bolsa escrotal.

Essa pressão contínua leva, com o tempo, ao alargamento desse orifício possibilitando a protrusão do conteúdo abdominal através do mesmo.A principal manifestação clínica da hérnia é o abaulamento da região, em qualquer local da parede abdominal. Esse abaulamento pode ser doloroso ou indolor, redutível ou não redutível e tende a apresentar aumento progressivo de tamanho com o passar do tempo.As hérnias podem ser, quanto a sua localização na parede abdominal: umbilicais, inguinais, femorais, lombares ou ventrais (incisionais e epigástricas).

Importante salientar que, se não corrigida no momento adequado, algumas complicações podem ocorrer, sendo a mais comum o encarceramento da hérnia – situação definida como a protrusão não redutível do conteúdo através do orifício herniário. Como consequência do encarceramento, ocorre uma progressiva redução na irrigação sangüínea do conteúdo abdominal, em geral uma alça intestinal, culminando com o processo de necrose do segmento e perfuração da viscera, podendo levar a um quadro de infecção abdominal pelo vazamento de conteúdo pra fora da alça intestinal. Pelo elevado risco das complicações, além do risco relacionado ao procedimento cirúrgico de urgência, estabeleceu-se a seguinte premissa com relação as hérnias da parede abdominal: hérnia diagnosticada é hérnia tratada. O tratamento das hérnias da parede abdominal é cirúrgico e consiste no fechamento do defeito da parede. Esse fechamento pode ser feito de modo convencional através de um corte ou através de técnicas mais modernas e minimamente invasivas (laparoscópicas ou robóticas), com ou sem o uso de uma tela protética de reforço. Sem sombra de dúvidas, o tema hérnia é um dos mais frequentes no consultório, trazendo diariamente pacientes a procura de orientações e tratamento.

Dr João Paulo Maciel possui mais de 10 anos de experiência no diagnóstico e tratamento das patologias do aparelho digestivo - tanto benignas quanto oncológicas. Formado na Universidade Federal da Bahia, fez residência médica em cirurgia geral e do aparelho digestivo na Santa Casa de São Paulo - uma das mais respeitadas instituições de ensino médico de cirurgia do Brasil e doutorado em cirurgia e gastroenterologia na USP - a mais importante universidade do Brasil. Além disso possui formação complementar (Fellow) no Memorial Sloan Kattering Center em Nova Iorque - EUA.
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